Fora de mim é o relato de uma mulher que desabafa seus sentimentos logo após um rompimento tão complicado que chega a ser comparado a um acidente de avião. A dor, a agonia e o vazio da personagem é sentido através de casa parágrafo escrito. Aliás, um pequeno detalhe que eu adoro nos primeiros capítulos é a confusa pontuação utilizada por Martha. Os parágrafos se apresentam quase como um bloco único e concreto. Pontos finais, reticências e pontos de exclamação são massivamente substituídos por vírgulas, o que pode ser perturbador para os que respeitam as regras de pontuação se não fosse um motivo: esse é um dos fatores que nos permite sentir a confusão e a dor sentida pela personagem. A confusão que ela transmite é essencialmente humana. Seus questionamentos vão desde o clássico "eu não sou boa o bastante" até o "nunca vou me recuperar", coisa que ela, obviamente, percebe que não passava de uma ótica destorcida devido a um estado de luto.

"Fugi de você, naquela época em que ainda éramos um casal, porque percebi que nossos beijos haviam virado respiração boca-a-boca, uma tentativa de sobrevivência quando já era tarde demais".
(Fora de mim, página 122)
O livro é sentimental? Sim. É meloso-enjoativo-meu-Deus-tira-isso-de-perto-de-mim-antes-que-eu-me-torne-diabética? De forma alguma. Martha Medeiros é expert em escrever obras que conseguem refletir o íntimo do ser humano sem soar como a rainha do drama. Recomendo todos os seus livros de ficção, suas crônicas e poesias. Na maior parte do tempo, desejo secretamente ser como ela quando crescer, mas isso vocês guardem segredo, por favor. ;)
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