16.5.14

Trato

Isso é tudo culpa sua.
Sabe quantas vezes olhei para o relógio nos últimos trinta minutos? Sabe quantas vezes mexi no meu celular só pra ver se havia alguma mensagem nova que me roubasse essa agonia? Muitas. Muitas vezes. E é tudo culpa sua.
Você parece até um monstrinho que só cresce cada vez mais dentro de mim, junto com a frustração que se instala quando meus planos de te driblar dão errado. Meu humor fica péssimo, nem eu me suporto. Pensam que é a TPM, mas não é. É você, chegando sem convite nenhum e se instalando como se fosse hóspede VIP em hotel cinco estrelas.
Mas eu sou uma pessoa justa, dou crédito a quem merece e, olha... Te ter por perto não é completamente ruim. Quando você aparece, sei que é porque as coisas estão no caminho certo. De que há algo pelo que lutar. Algo importante, de valor, que te faz sorrir sem esforço. Te sentir por perto é o sinal de que, apesar de todas as dificuldades, nada está sendo em vão.




Apesar disso, perdi a conta de quantas vezes viajei em meus próprios pensamentos relembrando diálogos, olhares e abraços. Contei os dias no calendário, ansiosa, tentando segurar o aperto no peito como podia, pedindo a Deus que aquela contagem regressiva acabasse de uma vez. Voltei a ser menina, miudinha, encolhida no sofá pedindo colo. Isso tudo é culpa sua - e, inclusive, muita maldade também.
A minha vingança pra isso tudo é te matar. Sim, te matar. Te mato quando sorrisos se encontram, olhares conversam e dedos se entrelaçam. Assim você perde espaço, sai de fininho sem olhar pra trás. Quem dera que fosse pra sempre. Quem dera que você não voltasse e eu pudesse respirar em paz.
Por isso, te proponho um trato: eu não te mato e você não me mata. Também não vale me sufocar. Você vai pro seu canto e eu vou pro meu. 
E aí, dona saudade, trato feito?