22.12.14

Um tal pedido

Você foge somente para ter a graça de voltar com o riso no rosto, dizer que sentiu saudades e derreter meu coração. Cada ida tua me causa um vazio e cada volta tua me transborda com tudo de mais bonito que você traz consigo.


Ei, te faço um pedido encarecidamente, não foge mais de mim, não quero te perder de vista. Quero teus olhos nos meus. Não deixa o medo dominar teu coração, eu tô aqui com coragem suficiente para nós dois. 
Eu não me importo de ser tida como louca por não desistir de você, que seja loucura e o que eles quiserem, eu quero só você.

Segura na minha mão e vamos ali fora mostrar ao mundo como podemos ser fortes juntos. Vamos esquecer um pouquinho das cobranças e das incertezas e viver o que somos. Vamos?





27.11.14

Diário de Evento - Lançamento do livro "Sonhei que amava você", da Tammy Luciano

Meu 21 de novembro começou torto, com um humor que não era lá dos melhores. Muitos afazeres e muito sono pra pouca coragem e disposição. Nenhuma roupa parecia me servir como deveria, completando a teoria de que seria eu contra o mundo nessa sexta-feira. Como é doce o sabor dos bons enganos, não é?

O evento

O lançamento do livro da Tammy Luciano aconteceu na Vila 7 Diversão Inteligente, uma livraria pequena e bem acolhedora do Shopping Recife. Confesso que não conhecia e fiquei meio encantada. O lugar é uma fofura, decorado especialmente pra deixar todo mundo à vontade! Sabe quando a atmosfera do lugar é mais leve e você fica feliz só por estar ali? Exatamente isso.


Vila 7 Diversão Inteligente e a decoração fofa deles!

Assim que entrei, fui recebida por um senhor muito simpático que me deu boas vindas, me ofereceu água e até brigadeiros fofos de colher (que eu tentei me lembrar mentalmente de pegar um antes de sair e esqueci. Fail pra mim). Comprei um livro pra mim e entrar na fila para ganhar meu autógrafo.



Brigadeirinhos (que eu esqueci de provar :/) e um monte de "Sonhei que Amava Você"!

Enquanto esperava, uma moça me deu um marcador de livros - meus olhos brilharam ainda mais, porque, fala a verdade, como não gostar de ganhar marcadores? A moça em questão se chama Danni e tem um blog chamado Garotas e Livros (que, aliás, visitem! O endereço é http://www.garotaselivros.com/).
Nos começamos a conversar e eu falei sobre o Caderno de Sempre. Dei um marcador a ela também e, quando dei por mim, todo mundo lá na Vila 7 estava com um marcador do Caderno na mão. Cena linda! 
Não demorou muito até que chegasse a minha vez de conversar com a Tammy. Minhas mãos tremiam, mas ela fez de tudo pra que eu relaxasse desde o início do papo. Conversamos sobre o trabalho dela, ganhei um bottom do livro e marcadores de página com dedicatórias muito fofas! Também falei pra ela sobre o Caderno e ofereci um marcador. Tem como uma pessoa ficar mais feliz? 

Tammy tem uma energia muito legal e cativa de cara. Pedi ainda para tirarmos uma foto juntas, mas eu estava tremendo tanto que não consegui acertar o botão da câmera (sim, está permitido rir de mim nesta parte). Ela se ofereceu para tentar e, claro, conseguiu em menos de um minuto.



Tammy autografando meu livro *-*

Tammy e eu! (:

Marcadores, bottom e livro

<3

Aliás, aproveito o espaço para agradecer a todo mundo que estava lá no evento e recebeu marcadores do blog de coração aberto, à Danni, que foi uma fofa o tempo inteiro, ao Saulo, do "O Networker" - porque, se não fosse por ele, eu não conheceria o trabalho da Tammy - e à Tammy, que me encantou com seu jeito único e apaixonante de ser. Mal posso esperar pra ler "Sonhei que amava você"!

19.11.14

Lançamento do livro "Sonhei que amava você", da Tammy Luciano



O post de hoje é um pouquinho diferente: vim convidar vocês para o lançamento do livro "Sonhei que amava você", da Tammy Luciano!


Primeiro livro da Tammy lançado pela Editora Valentina, "Sonhei que amava você" reúne ingredientes de identificação imediata entre leitores: trata-se de uma história de amor intensa, em que sonhos se tornam realidade, literalmente. Kira sonha com Felipe e o conhece por acaso, pouco tempo depois, no mundo real, em um acidente de trânsito. A partir daí, a relação entre os dois começa a se estabelecer, envolta de mistério e fantasia, com direito a voos pelo mundo e romance enquanto dormem. O cenário da obra é urbano; jovens que tentam vencer questões cotidianas, em busca de relacionamentos e auto-conhecimento, no Rio de Janeiro. Valores importantes, como familiares e de amizade, são reforçados na medida em que o grupo de amigos do casal se une para resolver o desaparecimento de uma jovem sequestrada.


Essa sinopse já me deixou mega curiosa, e ter a oportunidade de conhecer escritores me animam bastante. Sem falar que é uma oportunidade de prestigiar a literatura nacional, que está dando um show! E como se não pudesse ficar ainda mais legal, a Tammy e a Editora Valentina abriram espaço para que os fãs experimentassem o processo de criação do livro na escolha da capa, via mídias sociais da editora e da autora. Foram mais de 3 mil votos de leitores em todo o país!

Se você ama ler e já está empolgado (como eu, haha), que tal dar uma passadinha lá no lançamento? 


Quando: 21/11 (sexta-feira), às 18h
Onde: Vila 7 Diversão Inteligente do Shopping Center Recife

Vai ser uma oportunidade muito legal pra conhecer a Tammy de pertinho, saber um pouco mais da carreira dela e ainda garantir seu livro! o Caderno de Sempre vai estar por lá, marcando presença! Quem vai junto? :D

SOBRE TAMMY LUCIANO

 Além de escritora, Tammy Luciano também é atriz, jornalista, autora teatral e
desenvolve um trabalho social em escolas chamado "Escreva o Mundo”, de incentivo à escrita para que alunos escrevam suas próprias histórias. “Muitos autores fazem ações de incentivo à leitura. Minha palestra é de incentivo à escrita, mostrando que qualquer pessoa pode escrever sua própria história. Conto como é ser escritora, minha trajetória, dicas de como escrever um livro, o caminho que a história percorre até virar um livro em uma livraria”.

A autora já publicou outros seis títulos, entre eles os best-sellers Fernanda Vogel na Passarela da Vida, Garota Replay e Claro que te Amo!. Seu perfil no YouTube já alcançou mais de 150 mil visualizações, e suas contas no Facebook, Twitter e Instagram totalizam mais de 13 mil seguidores.




Saiba mais sobre a autora em:

Canal no Youtube: https://www.youtube.com/tammyluciano
https://www.facebook.com/tammylucianooficial
www.tammyluciano.com.br
www.instagram.com/tammyluciano



14.11.14

Algo sobre a distância

Amores complicados, vontade de estar junto, a saudade de coisas que nem aconteceram, imaginar diálogos e acreditar fielmente que a distância não é nada quando há vontade e sentimento. Ouvi certa vez que distância é somente algo físico e logo superável, então não vale a pena retrair um sentimento por causa de alguns quilômetros. Vejo e acompanho histórias de casais que vivem um relacionamento à distância, a paixão colocada em cada palavra quando eles falam de seus companheiros chega a colocar inveja em casais que estão com seus companheiros todos os dias.Algumas dessas histórias parecem ser tiradas de contos de fadas e que não se espera nada menos do que um belo felizes para sempre. Histórias das inúmeras ligações, algumas chorosas, outras felizes e muitas especiais com sempre um 'Se cuida' ao final. 



Aquela certeza dentro de si que o encontro está mais perto do que nunca e a demora dos dias a passar parece teimosia das mais cruéis. Que o tempo se apresse, que o encontro aconteça, que lágrimas caiam, que sorrisos apareçam em seguida, que lábios se toquem e que os olhos demonstrem o que jamais poderá ser traduzido em palavras.

3.11.14

Corre

Olha, que lindo, nasceu! Já fala? Já engatinha? Por que ele ainda não canta as músicas da Galinha Pintadinha?

Ele já deveria estar na escola, pintando e desenhando. Quando vai começar a escrever? Ele já lê? Por que toda essa demora? Não vê que o tempo está passando lá fora?


Além da escola, que tal um inglês? Quem sabe ainda um francês, japonês... que máximo seria se ele falasse finlandês! Corre. Corre que o ponteiro do relógio corre muito mais sem nem fazer esforço.

Acabou o ensino médio. Está fazendo o quê aí, parado? Hora de faculdade pra ser um profissional capacitado. Hora de dar sangue, suor e sossego por uma vaga. Qual o motivo da risada? Não ouvi ninguém contando nenhuma piada.



Trabalhe. Estude. Pós, mestrado, doutorado... O mercado está cada vez mais acirrado!

Malhe. Tenha amigos. Case. E os filhos? Pensou nisso tudo? Programou tudo isso?

Só não para. Nem respira. Não atrasa a fila de robôs igualmente programados que vêm logo em seguida.

24.10.14

Eu não me importo

Eu cheguei a ser tantas e hoje tento ao menos ser um pouco de mim. 

"Azul é cor de menino e rosa é cor de menina" 
"Desse jeito não vai casar"
"É tão desastrada, nunca vai tomar jeito" 
"Parece uma manteiga derretida, chora demais"
"Essas roupas não são de marca"
"É tão baixinha que deveria sempre usar salto"
"Adora ficar rabiscando nesse caderno"














20.10.14

Aprendizado

Foi pra aprender a analisar aonde estamos colocando os pés. Pra compreender que nem todo chão é firme a ponto de aguentar nossa estadia pelo tempo que desejamos ficar. Foi pra aprender que tudo tem início, meio e fim.
Foi pra aprender a acalmar os ânimos, pensar antes de fazer, refletir antes de falar. Pra entender que não são todos que entendem esses sentimentos embaralhados, essa mente confusa, esse humor de lua. Foi pra aprender a falar apenas para quem ouve, pra quem entende, pra quem corresponde. 
Foi pra aprender o quanto dói ser machucado. Pra entender que primeiro vem o amor próprio. Foi pra aprender que a gente precisa ser forte, não porque se deve mostrar aos outros, mas porque a gente merece - e pode.
Foi pra aprender a ser livre. Pra aprender a andar com as minhas próprias pernas e usar a minha voz. Foi pra aprender a valorizar a dor porque, vez ou outra, a gente se decepciona, se quebra ao meio e se perde... Mas levanta e se fortalece. Foi pra entender que o coração é flexível... E a gente sempre volta com mais força, mais bagagem, mais histórias e mais vontade de seguir o próprio caminho.

14.10.14

Vai

Queria poder te dizer “Decida” com a firmeza de uma mulher madura e independente. 
Queria poder te dizer “Fica. Fica, me escolhe, se joga nesse sofá sem graça comigo”. Queria, mas não sou uma mulher madura e independente. Não sou de dar ultimatos. Não sou de pedir nada. Paciência. 
Não que eu ache que adiantaria de alguma coisa, moço. Aprendi, nessa minha vida estável e linear, que não decidir também é uma decisão. Protelar uma escolha já é escolha. O filme já acabou, os créditos já foram exibidos e eu continuo aqui, encarando a tela vazia de uma sala de cinema, esperando só Deus sabe o quê.


Então vai. Vai logo, aproveita que eu estou de olhos fechados. Arranca o band-aid de uma vez, dizem que dói menos. Vai sem demora porque dói só de pensar na dor. Vai, a gente sabia da curta duração das ficções. Volta pra tua realidade. Vê se me deixa voltar pra minha também.

10.10.14

Tempestade

A tempestade que ocorre fora da tua janela é ainda menor daquela que acontece no teu íntimo. Não deixe isso tirar o brilho do teu olhar e tua vontade de lutar mundo afora pelos teus sonhos.
Permita que justamente eles te dêem força para que veja o sol amanhecendo lá fora e você amanheça junto. Amanheça e aqueça os corações das pessoas que te rodeiam, como sempre fez. Amanheça e traga consigo a paz e a esperança dos recomeços.
Não pense muito no que a tua íntima tempestade arrastou e levou de ti. Deixe o vento entrar e bagunçar seus papéis jogados sobre a mesa, só pra você cultivar a paciência de colocar tudo no mesmo lugar outra vez.
Viva a tempestade, mas não esqueça da graça que é amanhecer e deixar o mundo enxergar tua luz.



6.10.14

Procura-se

Procuro um novo rumo, um novo caminho, um novo canto de passarinho.
Procuro mais movimento, mais cor, mais melodias que transbordam sentimento.
Procuro mais consideração, mais empatia, mais pessoas que tratem o próximo como irmão.
Procuro um olhar que me entenda, um pensamento que me traduza, uma palavra amiga que me convença de que ainda vale a pena.



Procuro coragem desmedida pra fugir dessa gaiola da qual não vejo saída. Existe uma saída? Qualquer uma. Uma saída onde seja possível respirar outra vez. Onde essa neblina pungente e esse corpo dormente virem lenda de uma terra muito distante. Uma saída onde nenhuma luz se apague, onde nunca falte paz. Aquela branda e suave, pela qual pedir nunca é demais. 

4.10.14

Em frente

Daqui pra frente quero que os dias felizes se prolonguem
Daqui pra frente não quero nada que venha pra subtrair, se veio na intenção de somar sinta-se à vontade
Daqui pra frente pretendo seguir meus próprios conselhos
Daqui pra frente não quero pensar na quantidade de leite derramado pra fora da caixa, muito menos chorar sobre ele
Daqui pra frente eu vou caminhar para tornar real meus tais sonhos engavetados
Daqui pra frente enfrentarei
Em frente irei

29.9.14

Caderno de Sempre no Coca-Cola Festival

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No dia 4 de outubro acontece o Coca-Cola Festival em Recife, no estacionamento do Shopping Recife e terão como atrações Bonde da Stronda, Fly e P9 com apresentação do ator e cantor Mika, além da presença do Vlogger Whindersson Nunes e outros produtores de conteúdo na web. O Caderno de Sempre também estará marcando presença e convida vocês que nos acompanham para também irem curtir esse super evento! E aí, vamos? 
Os ingressos estão à venda nas Lojas Chilli Beans dos Shoppings Recife, Plaza e Tacaruna.

22.9.14

Tanta paz

Relaxa, eu tô bem acomodada. Mais que acomodada. Sabia que olhar pra você me dá paz? Tanta paz, rapaz... É muita cor e luz ao mesmo tempo. Chego a pensar que isso tudo é obra do vento, menino danado, que insiste em te trazer pro meu lado.
É muita calma. Muita alma. É a firmeza do chão que piso, a certeza do preenchimento do velho vazio. São os dedos entrelaçados, é morrer de rir com o teu lado palhaço. É ter no teu ombro o lugar perfeito pra chorar ou, num dia frio, simplesmente me aninhar.
Fica aí mesmo, sentado à minha frente, falando qualquer besteira que vier à tua mente. Fica no meu sofá, na minha sala, no meu mundo. Tudo bem que o meu mundo não é lá um lugar muito fácil de se viver, mas ele ficou melhor porque eu achei você... Ou foi você que me achou? Sei lá, rapaz. Facilita as coisas, põe na conta do amor. 

15.9.14

Litros de coragem

Ao contrário do que você declara sem pestanejar, eu tomei coragem. Comecei com alguns copos que logo se transformaram em litros. Quando dei por mim, várias garrafas vazias decoravam a casa.
Tomei coragem e me livrei das amarras. Falei o que tinha em mente, fiz questão de não esconder nada. Joguei fora tudo o que parecia pesado, inútil e desnecessário.
Tomei coragem e me deixei baixar a guarda. Qualquer detalhe era motivo de festa, de riso frouxo, de alegria escancarada. 
Tomei coragem e me mantive ingênua. Confiei em palavras juradas, acreditei em boas intenções um tanto quanto furadas. Respirei fundo, permaneci calada, fingi não perceber tantas falhas. 
Tomei coragem e abri os olhos. Enxerguei uma verdade corrosiva e deixei que você fosse, tomando mais coragem ainda para engolir todas as palavras que eu poderia dizer pra te fazer ficar. 
Não foi falta de coragem da minha parte, foi falta de vontade da tua. Mesmo com as toneladas de vontade que carreguei dentro de mim, nunca daria certo se não havia nada no teu peito.
Ao contrário do que você declara sem pestanejar, eu tomei coragem. Dia após dia, sem pensar duas vezes, sem questionar. E é por tanta coragem tomada que eu peço meio agoniada: fala baixo, eu ainda estou de ressaca.

12.9.14

Vem comigo

Vem comigo sem arrependimento, sem temores, segura na minha mão e saiba que juntos somos bem melhores do que pensamos. Dia desses você poderia me provar que amor não é somente algo que sempre ouvi falar. Juntos vamos deixar as histórias tristes pra outra hora, o que me bastaria agora seria começarmos a escrever a nossa. 
Vem comigo que ainda espero ansiosa por futuros encontros de olhares, abraços e lábios. Em um dia qualquer você poderia me contar como é seu mundo, quem sabe até me leva para caminhar por lá e eu posso te mostrar que tudo que sonhamos é possível se tornar real. Saiba que a cada dia que passa você ganha espaço nos meus pensamentos, visita com mais frequência meus sonhos e marca presença em cada linha que eu escrevo.



Só queria que você viesse e fizesse do nosso nós o recomeço mais bonito. Então, moço, vem comigo?


8.9.14

Muito cedo

Não vai agora, está muito cedo... Nem deu tempo de perguntar teu nome, de descobrir tua idade, de elogiar essa tua camiseta da Legião Urbana. Não deu tempo de ouvir de fato o timbre da tua voz, de observar a cor dos teus olhos, de fazer graça com essa tua timidez sem motivo.
Não deu tempo de saber qual a tua música favorita, o teu sonho mais vibrante, entender a fundo aquilo em que você mais acredita. Não deu tempo de te contar sobre o livro que eu acabei de ler, o mico que paguei na terceira série ou a história que eu guardo a sete chaves. 
Não deu tempo de te abrigar no meu abraço, de passar horas contigo sem ligar pra um possível atraso, de dizer que o nosso encontro foi um presente do acaso. 
Não deu tempo de compartilhar pensamentos nem dividir momentos. Não deu tempo de entender porque eu já gosto de ti nem de te convencer que eu sou alguém que pode te fazer feliz.
Está muito cedo. Fica, puxa uma cadeira e fala com todas as letras que não tem intenção nenhuma de sair da minha vida.

4.9.14

Aquele texto

Existe aquele lugar que você nunca foi, aquele amor que não viveu, aquela dieta que sempre planejou e nunca colocou em prática.
Existem aquelas pessoas que sempre despertam o seu melhor, aquele sonho que um dia você terá orgulho de gritar aos quatros ventos que é real. 
Existem aquelas pessoas que você simplesmente gosta sem explicação, aquele passo que você deu sem olhar para trás, aquele dia que parece insuportavelmente demorado. 
Existe aquela música que te faz querer dançar loucamente, aquela viagem que você tanto deseja. 
Existem aquelas pessoas que passam na sua vida e você dá graças a Deus por só terem passado, sem danos. 
Existem aqueles amigos de infância e de hoje, aquele poema que você sabe decorado, aquela paixonite de ônibus. 
Existe aquele filme que você já assistiu várias vezes e ainda assim consegue se emocionar toda vez que assiste, aquele pôr do sol inesquecível, aquele primeiro dia de aula traumático.
Nós existimos ainda que com nossas dúvidas, fraquezas, convicções, dores, ideais, lembranças e tudo o mais que nos faz ser quem somos e o que seremos. 

1.9.14

Pedaços

Partiu meu peito. Em dois, em cinco, em tantas partes que nem sei direito.
Partiu a confiança. Tantos pedaços minúsculos jogados no chão... Ficou só a lembrança.
Partiu opiniões. Caberia a mim buscar respostas ou esquecer inexplicáveis ocasiões?
Partiu futuros. Nunca mais ouvi sobre teu passado ou teus passos meio sem rumo.

Partiu minhas madrugadas. Metade insones, metade imersas em sonhos turvos e confusos.
Partiu meus planos. Os de antes já não funcionam, já não fazem sentido, já não agradam os ouvidos.
Meus amigos me chamaram pra sair, esquecer o relógio em casa, andar por aí. Ouço eles falarem como se fosse texto decorado: "Festinha sexta à noite. E aí, partiu?".
Ah, gente, partiu, sim. Vocês não imaginam o quanto.

29.8.14

Sobre a bolha

Se você não sabe o que é viver na bolha, sabe o que é sentir. Nem sempre estar na bolha faz de você um covarde, apenas uma pessoa cansada o suficiente. Meu conceito do que é bolha não se encaixa nos conceitos descritos no dicionário, estar na bolha para mim é estar confortável e longe de tudo que machuca e tira o sono.
Era um dia normal na minha bolha, aquela que já tinha me acostumado e aprendido a conviver. Até ser surpreendida por um convite: “Sai dessa bolha, menina. O mundo acontece lá fora, e você se afogando em solidão aí dentro”. O convite não pareceria tentador nem de longe se fosse feito por qualquer um, já que justamente o mundo acontecendo era o que eu temia. Não pareceria tentador se o convite não viesse acompanhado de olhos brilhantes, um sorriso tão encantador e um par de braços dispostos a me acolher. Abandonei a bolha ainda com temor pulsante.
Tinha desaprendido de como era sentir, desacostumado do modo de como o coração samba no peito e tinha até esquecido da sensação das borboletas frenéticas no meu estômago. Só que aquele moço e seu par de braços acolhedores me fizeram deixar de lado os frequentes papos com a solidão.
A sensação do abraço era como uma volta para casa. Era uma sensação de que eu fazia parte de algo e sempre poderia voltar a esse algo. Esse algo que na verdade era alguém e esse alguém que me deu bons motivos para olhar o mundo acontecendo e já não temer.
O moço certo dia me disse que não sabia lidar, que não sabia o que estava acontecendo, mas somente o que ele queria dizer era que o seu coração já não lhe pertencia, que sentir fazia parte do que ele era e o que ele sentia já fugia do peito e lhe tirava o sono e já não cabia nas demonstrações de afeto que ele me dava. Um beijo aconteceu.
O mundo acontecia, eu definitivamente não temia e acontecia junto com o mundo.


18.8.14

Pequeno manual de instruções


Perdoa meus olhos sorrindo sempre que você chega perto. É involuntário. Basta você colocar os pés onde quer que eu esteja pra que um sorriso se instale no meu rosto sem nem ser convidado. Faz de conta que não me ouviu cantando baixinho aquela música que parece ter sido feita pra nós dois. Mesmo que eu passe o dia inteiro ouvindo outras músicas, é esta que começa a tocar na minha cabeça sem que eu perceba. Ignora a minha cara de espanto toda vez que olho pro relógio. É difícil acreditar que o tempo possa passar tão rápido só porque você está ao meu lado.
Finge que não sente meu corpo tremer de leve toda vez que você me toca. Minha anatomia achou um jeito engraçado de responder à tua. 
Mascara esses teus olhos, que insistem em ser tão ternos comigo. Esconde de mim a tua boca, que sutilmente me pergunta se eu não quero chegar mais perto. 
Tapeia essa minha vergonha. Não sei o que ela está fazendo aqui, mas sei que você a expulsa com jeitinho em dois tempos.
Trata de ficar perto sem medo e sem dúvidas. Vê se vem de uma vez. Vem logo. Sem demora. Sem você, as horas teimam em não passar. 

11.8.14

Para voltar a pedalar

Posso te pedir um pouquinho de paciência? Preciso de paciência, aquela do tipo que um pai tem enquanto ensina o filho medroso a andar de bicicleta. Eu dei algumas pedaladas por aí e caí, menino. Nada preocupante, mas o susto e o joelho ralado deixaram um arranhão na minha confiança. Não subo mais na bicicleta, encostada há tempos naquele mesmo muro. Se você prestar um pouco de atenção, talvez perceba que ela implora para voltar à ativa, ver lugares, sentir novos ventos e se livrar de antigos tormentos.
Eu quero voltar a pedalar, menino. Só não agora, ainda não é tempo. Por isso peço paciência, porque eu posso precisar de umas rodinhas. Posso precisar de alguém por perto, alguém que não tenha pressa porque sabe que sempre haverá o amanhã. Porque tem certeza que não vai mudar de ideia sobre mim. 
Posso precisar de alguém que tenha paciência porque entende que insistir é chato, mas que desistir nunca foi opção. Preciso da tua paciência, menino, pra me mostrar que eu posso me equilibrar novamente. Pra me mostrar que não importa quantas vezes eu caia, porque o que vale de verdade é o levantar.

28.7.14

Furacão

Foi num dia tranquilo que o furacão chegou sem aviso. Pouco continuou o mesmo. Muito foi revirado, quebrado e levado. Ficaram destroços empilhados, tudo completamente inutilizável.
Eu me reservei. Me guardei imersa em silêncio, ouvi o eco do nada em todos os lados.
Me distanciei das palavras. Perdi a intimidade com o papel, abandonei minha terapia gratuita. Minhas confissões ficaram presas por tanto tempo que perderam a validade.



Apaguei a luz. Apaguei a luz pra não ver as lembranças se aproximando. Pra não ver fotos no quadro do meu quarto, a saudade tomando forma e gritando vontades. Apaguei a luz pra fingir que não via toda a bagunça, pra fugir da agonia. 
Mas sou otimista. Um dia, os destroços serão retirados e substituídos por aquilo que realmente merece espaço. Um dia, as palavras voltam a fluir e o papel, alegremente, volta a me ouvir. Um dia, eu reacendo a lâmpada e tudo volta pro lugar.

22.7.14

Cartinha pra você, sociedade

Preciso ser diferente, mas o horário da academia tem que ser religiosamente reservado logo após o meu expediente.
Preciso ser original, mas o meu cabelo deve estar perfeitamente alinhado como o de todas as outras.
Preciso enxergar além das aparências, mas sair de casa sem maquiagem virou suicídio social.
Preciso dar valor às pequenas coisas, mas o que importa muito mais são as etiquetas de preço das minhas roupas.
Preciso ter identidade própria, mas se estou solteira, eu sou o problema. Tenho que me mudar inteira e torcer pra que alguém me queira.
Preciso seguir aquilo que acredito, mas chegar aos 30 anos sem marido e filhos é a receita certa para uma vida infeliz e uma velhice acompanhada por meia dúzia de gatos.
Querida sociedade, venho por meio desta lhe informar que não vou ceder aos teus caprichos. Vivo como eu acho que é certo, não me baseio por tuas regras nem teus requisitos. Desculpe a decepção, mas vai ser assim. Aceita um conselho? Lide bem com a frustração. Aprenda de uma vez: viver igual a todo mundo é absurdamente ruim.

17.7.14

Eutanásia

Estado terminal, meu amor. Essa é a nossa situação atual. De nada mais adiantam essas discussões acaloradas e aquele choro incompreendido. Já nem temos mais energia para tais esforços. Se eu te pedisse pra ficar, você ficaria? É... Teu silêncio nunca falou tão alto.
Teus olhos estão implorando para que eu desligue as máquinas que nos mantêm respirando. Você continua repetindo que somos fortes, que vamos superar mais essa barreira, mas quando tua voz fraqueja, me dou conta que é mentira sua. Você também sente a aflição que eu sinto. Não precisamos disso, sabia?
Acho que a melhor opção pra nós dois é mesmo a eutanásia. Assim poderemos preservar nossas lembranças boas e nos poupar de mais sofrimento. Merecemos isso. Merecemos olhar para trás e poder ver um caminho bonito percorrido. Merecemos a sensação de dever cumprido.
Prometo não te chamar mais de meu amor. Não te chamo mais de amor porque é crueldade com você e comigo também. Não te chamo mais de meu porque eu te devolvo a si próprio. Eu te devolvo com as mãos trêmulas e o coração do tamanho de uma ervilha, pedindo a Deus, ao destino ou a qualquer que seja o departamento responsável que se encarregue de te providenciar um futuro memorável.
A dor vai aliviando na medida em que se aceita, menino. Já não há esperança para nós dois. Mas há vida lá fora... Pra você e pra mim.

12.7.14

O que você queria ser?

- Sabe aquela mania dos adultos de perguntar a uma criança o que ela quer ser quando crescer?
- Sei.
- O que você queria ser? 
- De onde veio isso?
- Sei lá, curiosidade. Vai, me conta.
- Eu queria ser... Jogador de futebol.
- Típico.
- Definitivamente, sim.
- Não parece muito com engenharia civil.
- Definitivamente, não. E você? O que queria ser?
- Então... Quando eu era bem pequena, eu adorava brincar de escolinha e queria ser professora. Passava tarefinha pra todo mundo e fazia cadernetas de chamada em papel ofício.
- Do jeito que você é mandona, tenho certeza que seus alunos amavam suas aulas.
- Minhas aulas eram ótimas, viu? E eu não sou mandona.
- Não, nem um pouco. Vai, continua.
- Depois quis ser pediatra, mas como sangue nunca foi o meu forte, precisei abdicar de qualquer coisa que envolvesse medicina. Também quis ser astronauta. Só Deus sabe de onde eu tirei essa... Ainda quis ser ilustradora, bailarina, advogada, jornalista e terapeuta ocupacional.
- Uau. Muitos planos.
- É.
- Talvez ainda dê tempo...
- Definitivamente, não.
- Vai ver é por isso que você virou escritora. Pra viver um pouco de cada coisa numa vida só.
- Definitivamente, sim.

18.6.14

Esse meu sumiço

Já faz um tempo que não te conto como anda a minha vida. Posso até te imaginar: sobrancelhas contraídas, braços cruzados e um bico ganhando destaque no rosto só pra me deixar com a consciência pesada. Sim, eu admito a culpa, você me desculpa? Meu sumiço é justificável, eu juro. Eu me ocupei por um tempo... Me ocupei vivendo.
Deitei na grama verdinha do parque sem a menor frescura. Abaixei o vidro do carro pra sentir o vento bater no meu rosto e bagunçar meu cabelo. Abracei e fui abraçada sem motivo aparente. Gargalhei em alto e bom som.
Corri. Fui com cara, coragem, coração e tudo. Prendi a respiração e fui, fingindo pra mim mesma que não sentia medo. Fechei os olhos para ele, e sabe o que eu vi? Cores. Possibilidades. Vi histórias serem tecidas de forma despretensiosa e mágica. Com o passar do tempo, elas ganharam mais força... Começaram a me arrancar suspiros sem que eu percebesse.


Mas não aconteceram só coisas boas. Eu me decepcionei. Decepcionei algumas pessoas também, tenho certeza. Passei noites em claro, chorei em algumas madrugadas e trabalhei no dia posterior com olhos inchados e cara de cansada. Me iludi, me frustrei, caí e me levantei. Aprendi e não me arrependi.
Porque é pra isso que os momentos servem: para ensinar. Para crescer. Para que no fim de cada capítulo vivido haja uma lição aprendida. E mesmo que não haja página escrita, há a experiência adquirida. A lembrança guardada com carinho. A sensação de que a história das nossas vidas é um livro digno de leitura.

2.6.14

Convite

Vim te convidar pra sair. Assim mesmo, com as mãos guardadas nos bolsos dos meus jeans de todo dia  e com um olhar agoniado que não foca em apenas um ponto. Não deixo minhas mãos à mostra porque elas entregam meu nervosismo. Não fixo o olhar porque, se eu o fizesse, seria em você, e eu te assustaria. Talvez eu esteja te assustando agora, com esse convite repentino, mas esse era um risco que eu precisava correr.
Não ligo se você quiser escolher o lugar. Podemos ir ao shopping, ao parque de diversões, a uma lanchonete qualquer ou ao aniversário da sua bisavó. Também não me importo se você preferir usar vestido, moletom, pijama ou uma fantasia de esquimó. 
Só quero que seja você. Com todas aquelas suas piadas não tão engraçadas e sua tagarelice já esperada. Com suas teorias loucas que eu nunca sei se são cientificamente comprovadas. Com teus olhos brilhantes e olhar firme, tão hipnotizantes que mais parecem fazer parte de uma emboscada. 
Pronto, menina. É isso. 
O que vai ser? Um sim?
Por favor. Por mim. 

16.5.14

Trato

Isso é tudo culpa sua.
Sabe quantas vezes olhei para o relógio nos últimos trinta minutos? Sabe quantas vezes mexi no meu celular só pra ver se havia alguma mensagem nova que me roubasse essa agonia? Muitas. Muitas vezes. E é tudo culpa sua.
Você parece até um monstrinho que só cresce cada vez mais dentro de mim, junto com a frustração que se instala quando meus planos de te driblar dão errado. Meu humor fica péssimo, nem eu me suporto. Pensam que é a TPM, mas não é. É você, chegando sem convite nenhum e se instalando como se fosse hóspede VIP em hotel cinco estrelas.
Mas eu sou uma pessoa justa, dou crédito a quem merece e, olha... Te ter por perto não é completamente ruim. Quando você aparece, sei que é porque as coisas estão no caminho certo. De que há algo pelo que lutar. Algo importante, de valor, que te faz sorrir sem esforço. Te sentir por perto é o sinal de que, apesar de todas as dificuldades, nada está sendo em vão.




Apesar disso, perdi a conta de quantas vezes viajei em meus próprios pensamentos relembrando diálogos, olhares e abraços. Contei os dias no calendário, ansiosa, tentando segurar o aperto no peito como podia, pedindo a Deus que aquela contagem regressiva acabasse de uma vez. Voltei a ser menina, miudinha, encolhida no sofá pedindo colo. Isso tudo é culpa sua - e, inclusive, muita maldade também.
A minha vingança pra isso tudo é te matar. Sim, te matar. Te mato quando sorrisos se encontram, olhares conversam e dedos se entrelaçam. Assim você perde espaço, sai de fininho sem olhar pra trás. Quem dera que fosse pra sempre. Quem dera que você não voltasse e eu pudesse respirar em paz.
Por isso, te proponho um trato: eu não te mato e você não me mata. Também não vale me sufocar. Você vai pro seu canto e eu vou pro meu. 
E aí, dona saudade, trato feito?

30.4.14

Te leio

Te leio em cada começar e terminar dos dias. Te leio em cada céu estrelado e sem nuvens, que tenta mostrar cenas do nosso próximo capítulo da forma mais clara possível. Te leio nas músicas que parecem cantar a nossa história. Te leio nas letras garrafais que formam teu nome na capa de um livro que se acomodou na minha prateleira. Te leio nas longas mensagens que chegavam tarde da noite, quando eu lutava contra o sono para ler cada uma delas. Te leio quando fecho os olhos e automaticamente vejo os teus.


Mas não te leio nos teus discursos confusos nem nas tuas atitudes controversas. Não te leio nesse teu bloqueio emocional estúpido que não me permite saber se você já se encontrou ou se está tão perdido nesse labirinto como eu. Não te leio nesse silêncio irritante nem nas mensagens que deixaram de chegar. Não te leio na tua ausência frustrante e injusta, que fere sem dó nem piedade.
Quando eu já estiver esgotada, você vai chegar perto e explicar. Vai dizer de cara que não sabe como eu não entendi, porque os sinais sempre estiveram lá. Vai rir e me chamar de louca; eu, tola, vou acreditar. Diga, então, senhor da verdade: como você agiria no meu lugar?

28.4.14

Montanha-russa

Resolvemos voltar à montanha-russa. Que mal faz mais uma vez? Que mal faz se divertir?
Naquele mesmo carrinho, contamos os segundos mentalmente, só pra esconder o nervosismo. Olhamos um pro outro e sabemos, sem trocar uma palavra, que não será como a primeira vez. "Relaxa. Vai ser único, como sempre é", você garante.
Começamos a nos mover devagarzinho. De repente, a velocidade aumenta. Subimos, descemos, fazemos uma curva, subimos bem mais alto do que da última vez. Te espio e vejo você sorrindo, braços jogados pro alto pra sentir o vento. 

Fecho os olhos e me sinto tremer, morrendo de medo da próxima manobra. Rezo pra que você não note. 
Essa mudança imediata, a adrenalina instantânea, as emoções à flor da pele... Tudo tão nosso que explica facilmente o motivo de montanhas-russas serem a nossa cara.
Sinto tua mão sobre a minha. Ouço tua voz dizendo "Abre os olhos. Confia em mim, você vai gostar de ver isso".
Respiro fundo e confio. Abro os olhos e me surpreendo. Gosto mesmo do que vejo. 

Não sei por quanto tempo, mas logo percebo: caramba, passou o medo.

14.4.14

Não sirvo pra você

Eu não uso roupas de marca. Sempre que posso, dispenso o salto alto. Não sei bem como me comportar naquele restaurante chique que você sempre vai. Não sou uma lady. Não sirvo pra você.
Não tenho dom pra maquiagem. Não tenho energia pra dieta. Não tenho ideia de quantas calorias eu ingiro por refeição. Não sou uma top model. Não sirvo pra você.


Não tenho uma conta lotada no facebook. Não sou o centro das atenções nas festas. Raramente vou a festas. Não sou popular. Não sirvo pra você. 
Não tenho paciência pra joguinhos. Não tenho saco pra ceninhas de ciúme. Não dou a mínima pra aparências ou convenções. O que eu faço, moço, faço porque quero, porque sinto. O que eu não quero, também. Não vou com meias intenções, vou com minhas verdades - tímidas, mas fortes. Não sou atriz, moço. Não vou dividir com você o papel de casal perfeito da novela das oito. Não sou perfeita. E se nada do que eu sou é suficiente, está mais do que claro o motivo de eu não servir pra você.

31.3.14

Vou me mudar

Só pra você saber, vou me mudar. Não, eu não vou sair do meu apartamento. Tudo bem, ele é pequeno, mas o aluguel é bom e é perto do trabalho. Presta atenção pra entender: vou me mudar.



Vou engolir o medo e cortar esse cabelo que você tanto admirou. Vou sair no sábado à noite sem ter hora pra voltar. Vou ler novos livros. Vou assistir a um filme no cinema sozinha. Vou me matricular num curso intensivo de francês. Vou mudar meu guarda-roupa. Vou, finalmente, experimentar aquele suco de clorofila para o qual eu sempre fiz cara feia. Ele pode ser meu novo suco favorito, vai saber.
Vou me mudar. Por dentro, por fora e por todos os ângulos possíveis. Vou descobrir uma nova eu, conhecer um lado meu que ninguém conheça, nem mesmo você. Principalmente você. Tô botando um fim nisso tudo, me livrando do peso, me presenteando com a paz que eu mereço. Se você fosse tão maravilhoso como declama, daria sem que eu precisasse pedir.
Então se caso bater saudade ou, quem sabe, você até pensar em voltar, lembra: é bem provável que não dê certo. O endereço é o mesmo - o mesmo apartamento com as mesmas janelas brancas, a mesma poltrona desgastada no meio da sala e a mesma porta de entrada que anda precisando de uma camada de tinta. Mas a pessoa que mora lá, moço... Talvez você nem reconheça.

24.3.14

Segunda-feira

Lá fora, as pessoas cronometravam cada minuto, correndo contra o tempo. Aqui dentro, o tempo parava. Nosso relógios perderam valor, largados de qualquer jeito naquela mesinha quadrada. 
Lá fora, as pessoas iam de um lado a outro com seus fones de ouvido no volume máximo. Aqui dentro, o silêncio confortava, preenchia - um podia ouvir o coração do outro em disparada.
Lá fora, as pessoas reclamavam do calor e da sensação de abafado. Aqui dentro, o que dava pra sentir mesmo era o friozinho na barriga por causa daquele medo bobo de fazer algo errado.
Lá fora, as pessoas agiam como formigas, passando umas pelas outras sem se enxergar direito. Aqui dentro, a gente enxergava mais do que qualquer um já pôde ver. Passamos um pelo outro, entrelaçamos nosso dedos, não nos deixamos à mercê.
Lá fora era só mais uma segunda-feira comum. Aqui dentro, ela virou queridinha, aquela, a nossa. Alguém pode até chegar e dizer "Que tipo de gente esquece o mundo em pleno dia útil?". Ah, moço, enquanto cai essa garoa, eu respondo simplesmente: não ligo para as outras pessoas. Ligo mesmo é pra gente.

20.3.14

Carta a um amor platônico

Acordei pensando em você. Há quanto tempo isso não acontecia? Aliás, quantos anos faz desde a última vez? Passou tão rápido...
Não sei se você sabe, mas eu tinha uma quedinha por você. Quedinha, não. Era salto livre sem equipamento adequado. Vivia cheia de marcas – todas elas eram provas de que você havia passado por mim.
Nos meus sonhos você batia ponto. No início, eu até ficava brava – com você e comigo mesma. Com o tempo, notei a sutil relação entre tuas visitas durante meu sono e a qualidade dos meus dias. Aí, rapaz, você passou a ser convidado especial esperadíssimo todas as noites.
Lembra aquele seu aniversário em que você me cobrou um abraço? Eu tremi dos pés à cabeça. Embora tenha me achado ridícula na hora, hoje gosto de pensar que aquela tremedeira foi culpa das minhas células, animadas por eu te ter mais perto por alguns segundos.
De vez em quando me pergunto se você iria gostar dessa versão minha que não conhece. Essa versão que já passou por tantas alegrias, dúvidas e tristezas. Essa versão que já riu até a barriga doer e já chorou até pegar no sono. Contaria tudo que aconteceu nos mínimos detalhes e, enquanto escutasse, você poderia fazer aquela torta caprichada. A propósito, você ainda cozinha? Adoraria ter um amigo que cozinha – frigideiras e eu nunca nos demos muito bem.
Hoje eu só queria agradecer por você ter sido o amor platônico mais doce que eu tive. Andei em nuvens durante um bom tempo por sua causa. Me machuquei porque essas coisas, hora ou outra, machucam mesmo. É procedimento padrão. Mas não esquenta, já passou. O tempo curou tudo e eu estou aqui, inteira.

Então vê se aparece. Assim do nada mesmo, de repente. Me manda um e-mail, pergunta como eu tô, me convida pra conhecer aquele rodízio de carne sobre o qual você não parava de falar. Não sou fã de carne, é verdade... Mas ainda sou fã tua, vale?