13.5.15

Em meio à fuga

Tardes vazias me fizeram questionar o que me trouxe a este lugar onde a ordem é fugir e se calar. Alguns capítulos frios, talvez. De repente, deixei de ser valente e permiti que alguma coisa qualquer tomasse a frente. Deve ter sido um daqueles ventos fortes que batem e fazem com que a gente perca o norte. Eu estava confortável no gelo. Um conforto branco e preto - ai daquele que se atrevesse a meter o bedelho.
Mas em meio à minha fuga, sem perceber, me vi querendo ficar só pra sentir o que há de tão bom do lado daí. Em meio ao silêncio, me peguei querendo ouvir tua voz pra reproduzir em minha mente sempre que eu me sentisse só. Desejei que você fosse apenas se realmente precisasse - e que, por favor, não levasse muito tempo pra voltar.
Já cantaram por aí que tudo passa. Passa mesmo. Passam os silêncios cortantes, as dúvidas angustiantes. Passa o mal congelante e a solidão categórica. Só falta você passar por aqui. Passa e fica. Sentado aqui, bem perto de mim.

6.5.15

Brincar com palavras

Grandes luzes lá no alto. Pequenas formigas bem no meio do asfalto.
Palestras carregadas de aprendizado. O brilho nos olhos de um moço calado.
Horas corridas de muito trabalho. Segundos que determinam a formação de um casal apaixonado.
Chuva fazendo barulho ritmado no telhado. Sol batendo no meu corpo e o fazendo parecer dourado.
O espelho mostrando quem sou. O espelho ocultando quem sou.
Vidas que seguem em frente. Vidas que empacam sem motivo aparente.
Não existe uma razão exata para sentir necessidade de brincar com as palavras. Pode ser um ponto, ou quem sabe, uma ponte. Pode ser uma vírgula, uma exclamação ou uma placa vermelha com uma interrogação.
Podem ser sorrisos espalhados ou lágrimas derramadas que acompanham um desabafo. Não importa. Que sejam apenas. Sejam palavras sentidas, palavras escritas, palavras que descrevem uma vida.