Te leio em cada começar e
terminar dos dias. Te leio em cada céu estrelado e sem nuvens, que tenta
mostrar cenas do nosso próximo capítulo da forma mais clara possível. Te leio
nas músicas que parecem cantar a nossa história. Te leio nas letras garrafais
que formam teu nome na capa de um livro que se acomodou na minha prateleira. Te
leio nas longas mensagens que chegavam tarde da noite, quando eu lutava contra
o sono para ler cada uma delas. Te leio quando fecho os olhos e automaticamente
vejo os teus.
Mas não te leio nos teus
discursos confusos nem nas tuas atitudes controversas. Não te leio nesse teu
bloqueio emocional estúpido que não me permite saber se você já se encontrou ou
se está tão perdido nesse labirinto como eu. Não te leio nesse silêncio
irritante nem nas mensagens que deixaram de chegar. Não te leio na tua ausência
frustrante e injusta, que fere sem dó nem piedade.
Quando eu já estiver esgotada,
você vai chegar perto e explicar. Vai dizer de cara que não sabe como eu não
entendi, porque os sinais sempre estiveram lá. Vai rir e me chamar de louca;
eu, tola, vou acreditar. Diga, então, senhor da verdade: como você agiria no
meu lugar?