22.2.16

Sou Mar

Nasci brisa, moço. 
Fui calma e sossegada
Já dancei com os cabelos daquela menina e já sussurrei palavras de amor no pé de ouvido dos apaixonados. 
Eu já almejei ser nuvem. Eu poderia guardar comigo os sonhos do mundo todo. 
Mas nunca fui de ser passageira. Deixei pra lá.
Já tentei ser uma estática pedra, mas ser pedra nada tem a ver comigo.  
Tentaram me forçar a ser fogo, flor, folha e ventania. Desculpe não me moldo a vontade de ninguém


Eu pensei em desistir. Após caminhar, tentar, tentar e nunca realmente ser. Você me entende? Eu queria ser.
Algo em mim sempre me dizia que não tardava e eu me descobriria. 

Não tardou mesmo, mergulhei em mim e então enxerguei quem sou. Descobri que sou mar
Sendo ora calmaria, ora agitação.
Descobri que sou aquela sempre disposta a acolher. Mas não se engane, pois também tenho forças para afogar

11.2.16

Má-Temática [por Falcão Neto]


Uma e meia da madrugada. Vinte e três graus no termômetro na parede. Café esfriando a uns cinquenta graus na caneca. Ventilador soprando a vinte quilômetros por hora. Luz da lua entrando pela janela e formando sombra num ângulo de sessenta graus. Celular com cem por cento de bateria... e zero de ânimo. É foda não ter com quem conversar, e eu não falo de amigos. Penso, enquanto estou paralelo ao solo, em como isso faz falta em mim, ou se não faz e isso tudo são anos de drama acumulado. [...] É falta de companhia mesmo, sabe? Não só uma notificação no telefone ou uma batida de porta, uma conversa legal ou um cheiro bom, uma pegação enérgica ou só calar e assistir o filme. É a junção de tudo. É saber que não precisa dizer nada tanto-quanto-quando tagarelar. É aquela sensação de que tudo no mundo pode desaparecer enquanto eu tô lendo meu livro e tu tá ouvindo música, ou eu jogando videogame enquanto tu faz as unhas (e ri da minha cara toda vez que eu perco). Não vou ser hipócrita e dizer que não curto a sensualidade do flerte. Há o charme da tensão na troca de olhares, da incerteza e taquicardia, do primeiro beijo e primeira transa. Mas essa adrenalina cansa. É se sentir como o paraquedista que não vê mais graça na queda livre. Cansei de tantas primeiras idas ao cinema e primeiras vezes que se apresenta os amigos. Cansei de primeiros beijos. Retomo a fala "matemática" do início do texto estando perpendicular ao solo, lavando a caneca de café e ponderando como essas incongruências amorosas dividem pela raiz quadrada a vontade de "romantizar" e aumentam ao cubo a vontade de "foder". Cientistas dizem que 'amor' nada mais é do que a liberação de substâncias químicas provocadoras de prazer quando se pensa em alguém. Então pode-se dizer que "apaixonado" é um adjetivo equivalente a "maconheiro"? [...] Muito café dá nisso. Mas enfim. Toda vez parece ser a última, e a interpretação disso vale pro sucesso ou o fracasso. Mas, quanto ao fracasso, um dia desses realmente vai ser a última, e eu finalmente vou deixar o Lulu Santos ser O Último Romântico.



Olá, meu nome é Falcão Neto, e tenho 19 anos. Minha adolescência me presenteou com a fome de alma, e desde então venho respirando arte. Sou fotógrafo, estudo teatro e Produção Publicitária, entre outras coisas, então, já se pode ver que as miçangas já estão presas em meu coração, hahah! Você pode encontrar meu trabalho visual em facebook.com/falcao.audiovisual