Eu entrei na vida dele como quando você descobre uma rua sem querer e lá
tem um restaurante com uma comida que tem o sabor doce da infância, que faz
valer seu dia e ver que se perder fez você achar uma maravilha no final. Ele
aprendeu a entender e dar risada das minhas metáforas constantes envolvendo
comida.
Nós escolhemos um dia à tarde para conversar e falamos dos nossos
sonhos, das noites de natal, dos amigos que não vemos mais, sobre como foi bom
ter me perdido e de repente ter me encontrado naqueles olhos castanhos, que
sempre me contavam mais coisas sobre ele do que poderia expressar em palavras.
Também lhe contei sobre meus temores, ele me falou que não havia nada a
temer nas borboletas, elas eram como bailarinas em constantes danças com o
vento. Em pensamento eu me lembrei que deveria apenas temer aquelas que se
mantinham inquietas no meu estômago.
Eu lia suas cartas com o mesmo encanto que admirava as estrelas, a lua e
o céu. Ele desvendava meus versos e se achava nas entrelinhas. "Tem um
pouco de nós aí, né?!" e ele sabia que sim.
Ele sempre dava um jeito de passear pelos meus pensamentos e surgir nos
meus sonhos, deixando sempre sua graça de quem estava só de passagem e de uma
hora para outra, por pura teimosia, resolveu ficar. Essa teimosia que eu não reclamo, mas que por vezes gosta de entrar
em competição com a minha.
Eu não sabia explicar o que ele tinha que sempre o colocava acima dos
caras que me cercavam, não sei se era seu cabelo encaracolado, o jeito que
sorria ou os dois. Eu só sabia que gostava de me aconchegar no seu abraço e ainda mais quando ele me dizia carinhosamente que o lugar dele era ali, era eu.
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