11.2.16

Má-Temática [por Falcão Neto]


Uma e meia da madrugada. Vinte e três graus no termômetro na parede. Café esfriando a uns cinquenta graus na caneca. Ventilador soprando a vinte quilômetros por hora. Luz da lua entrando pela janela e formando sombra num ângulo de sessenta graus. Celular com cem por cento de bateria... e zero de ânimo. É foda não ter com quem conversar, e eu não falo de amigos. Penso, enquanto estou paralelo ao solo, em como isso faz falta em mim, ou se não faz e isso tudo são anos de drama acumulado. [...] É falta de companhia mesmo, sabe? Não só uma notificação no telefone ou uma batida de porta, uma conversa legal ou um cheiro bom, uma pegação enérgica ou só calar e assistir o filme. É a junção de tudo. É saber que não precisa dizer nada tanto-quanto-quando tagarelar. É aquela sensação de que tudo no mundo pode desaparecer enquanto eu tô lendo meu livro e tu tá ouvindo música, ou eu jogando videogame enquanto tu faz as unhas (e ri da minha cara toda vez que eu perco). Não vou ser hipócrita e dizer que não curto a sensualidade do flerte. Há o charme da tensão na troca de olhares, da incerteza e taquicardia, do primeiro beijo e primeira transa. Mas essa adrenalina cansa. É se sentir como o paraquedista que não vê mais graça na queda livre. Cansei de tantas primeiras idas ao cinema e primeiras vezes que se apresenta os amigos. Cansei de primeiros beijos. Retomo a fala "matemática" do início do texto estando perpendicular ao solo, lavando a caneca de café e ponderando como essas incongruências amorosas dividem pela raiz quadrada a vontade de "romantizar" e aumentam ao cubo a vontade de "foder". Cientistas dizem que 'amor' nada mais é do que a liberação de substâncias químicas provocadoras de prazer quando se pensa em alguém. Então pode-se dizer que "apaixonado" é um adjetivo equivalente a "maconheiro"? [...] Muito café dá nisso. Mas enfim. Toda vez parece ser a última, e a interpretação disso vale pro sucesso ou o fracasso. Mas, quanto ao fracasso, um dia desses realmente vai ser a última, e eu finalmente vou deixar o Lulu Santos ser O Último Romântico.



Olá, meu nome é Falcão Neto, e tenho 19 anos. Minha adolescência me presenteou com a fome de alma, e desde então venho respirando arte. Sou fotógrafo, estudo teatro e Produção Publicitária, entre outras coisas, então, já se pode ver que as miçangas já estão presas em meu coração, hahah! Você pode encontrar meu trabalho visual em facebook.com/falcao.audiovisual



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