17.7.14

Eutanásia

Estado terminal, meu amor. Essa é a nossa situação atual. De nada mais adiantam essas discussões acaloradas e aquele choro incompreendido. Já nem temos mais energia para tais esforços. Se eu te pedisse pra ficar, você ficaria? É... Teu silêncio nunca falou tão alto.
Teus olhos estão implorando para que eu desligue as máquinas que nos mantêm respirando. Você continua repetindo que somos fortes, que vamos superar mais essa barreira, mas quando tua voz fraqueja, me dou conta que é mentira sua. Você também sente a aflição que eu sinto. Não precisamos disso, sabia?
Acho que a melhor opção pra nós dois é mesmo a eutanásia. Assim poderemos preservar nossas lembranças boas e nos poupar de mais sofrimento. Merecemos isso. Merecemos olhar para trás e poder ver um caminho bonito percorrido. Merecemos a sensação de dever cumprido.
Prometo não te chamar mais de meu amor. Não te chamo mais de amor porque é crueldade com você e comigo também. Não te chamo mais de meu porque eu te devolvo a si próprio. Eu te devolvo com as mãos trêmulas e o coração do tamanho de uma ervilha, pedindo a Deus, ao destino ou a qualquer que seja o departamento responsável que se encarregue de te providenciar um futuro memorável.
A dor vai aliviando na medida em que se aceita, menino. Já não há esperança para nós dois. Mas há vida lá fora... Pra você e pra mim.

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