28.7.14

Furacão

Foi num dia tranquilo que o furacão chegou sem aviso. Pouco continuou o mesmo. Muito foi revirado, quebrado e levado. Ficaram destroços empilhados, tudo completamente inutilizável.
Eu me reservei. Me guardei imersa em silêncio, ouvi o eco do nada em todos os lados.
Me distanciei das palavras. Perdi a intimidade com o papel, abandonei minha terapia gratuita. Minhas confissões ficaram presas por tanto tempo que perderam a validade.



Apaguei a luz. Apaguei a luz pra não ver as lembranças se aproximando. Pra não ver fotos no quadro do meu quarto, a saudade tomando forma e gritando vontades. Apaguei a luz pra fingir que não via toda a bagunça, pra fugir da agonia. 
Mas sou otimista. Um dia, os destroços serão retirados e substituídos por aquilo que realmente merece espaço. Um dia, as palavras voltam a fluir e o papel, alegremente, volta a me ouvir. Um dia, eu reacendo a lâmpada e tudo volta pro lugar.

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