6.3.14

Tirei

Estou sem máscara, deu pra perceber? Me livrei dela no instante em que você me sorriu olhando nos olhos. Senti que você via tudo sem dificuldade alguma e percebi que de nada mais adiantaria continuar usando aquilo.


Tirei o disfarce, deu pra notar? Joguei-o por aí, em um canto qualquer, depois que você me contou aquele segredo às três e quinze da manhã. Você me pareceu tão verdadeiro que tive vontade de ser também. Não faria mais sentido nenhum continuar fingindo.

Aposentei minha armadura, deu pra reparar? Você não imagina o alívio que é andar sem aquele peso todo... Larguei-a por aí porque imaginei que você pode fazer bom uso de uma chance. Aprende e leva pra tua vida, moço: armaduras não são bem-vindas quando se tenta uma chance em alguma coisa.

Então pensa bem. Pensa bem se vai continuar com todos os adjetivos doces remetidos a mim, todos os olhares carregados de significado, todo aquele carinho que você nem se preocupa em esconder. Se for só brincadeira, passatempo ou vontade que dá e passa, para. Você já sabe, estou sem armadura. Não vai dar certo e vai doer.


Mas se não for... Ah, moço, se não for brincadeira, me dá logo essa notícia pessoalmente e gruda em mim. Gruda e nunca mais me larga.

2 comentários:

  1. Gostei do jogo de palavras usadas para refletir o amadurecimento de alguém disposto a se envolver seriamente com outra pessoa. Somos compelidos a nos esconder (máscara e disfarce) e proteger (armadura) na nossa convivência diária com os outros, que às vezes é tão difícil. Sendo que na convivência afetiva a proteção usada é ainda maior. Muito sucesso!

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    1. Que bom que gostou e se identificou (: Obrigada por ler!

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