6.4.15

[Dica de livro] Queria ver você feliz, de Adriana Falcão

Primeiramente, tenho que dizer que essa não será a única vez que o sobrenome Falcão será lido por aqui. Eu não faço a mínima ideia do que essa família faz pra ter tanto talento concentrado em um só DNA, mas Adriana, João e Clarice têm lugar cativo na minha estante e nos meus CDs. Saber de um novo trabalho deles é saber de antemão que estou prestes a conhecer mais uma música, filme ou livro favorito, e foi exatamente por esse motivo que eu comprei Queria ver você feliz. 

A leitura de Queria ver você feliz nos apresenta a Caio e Maria Augusta, dois adolescentes que se conhecem em 1940 e se apaixonam. Eles namoram (driblando os obstáculos colocados pela mãe de Maria Augusta), noivam, casam, têm filhos e dividem histórias de altos e baixos durante toda sua trajetória, narrada por ninguém menos do que o Amor. Aliás, arrisco dizer que esse é um dos melhores pontos do livro. O Amor aparece em forma de narrador observador para comentar acontecimentos e dar opiniões com o bom humor e a atitude que só mesmo o Amor deve ter.


"É normal desejar paralisar o tempo, durante um beijo, ou desejar apressar, durante uma separação, mesmo tendo a informação de que o tempo não ouve ninguém?
Não é normal.
As pessoas não são normais, concluo. 
Que sorte a minha"
(Queria ver você feliz, página 119)


Se alguém me perguntar qual o meu personagem favorito, respondo Maria Augusta sem pestanejar. Ela é uma mulher decidida e deliciosamente engraçada! Sua ironia hilária fica evidente nas cartas que ela escreve para Caio, assim como algumas de suas atitudes rendem algumas risadas (atenção meninas que querem ser pedidas em casamento: favor não imitar a Maria Augusta, ok?). Caio balanceia o relacionamento com a sua calma. Pacato e tranquilo, mas não menos apaixonado.

Todas essas poderiam ser apenas características de mais um livro no setor de romance na livraria se não fosse o fato de que a história de Caio e Maria Augusta realmente aconteceu. Adriana Falcão, filha do casal, encontrou as cartas que seus pais trocavam e resolveu escrever este livro. Isso me fez pensar em quantas histórias poderiam ser escritas pelas vivências dos nossos pais, nossos tios... Juro que tive vontade de perguntar à minha avó como vovô e ela se conheceram, como foi o pedido de namoro... Essas pequenas coisas que achamos lindas nos filmes, mas sempre passam batido na "vida real".

As fotos exibidas ao longo do livro reforçam a conexão do leitor com a história e dá a sensação de que estamos ouvindo histórias antigas enquanto olhamos um álbum de família. Não são apenas personagens com qualidades ou defeitos. Suas características, boas e ruins, são prova de sua humanidade. Prova de que eles viveram em busca de felicidade simplesmente, apesar de todas as dificuldades.

Esse não foi o primeiro livro da Adriana que eu li (A Arte de Virar a Página foi o primeiro dela a fazer parte das minhas prateleiras), e com certeza não vai ser o último. Com esse jeito singular de contar histórias encantadoras, é impossível não desejar ler mais um pouco de suas palavras, parágrafos e, eu espero, mais livros indescritíveis como esse.

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