19.4.15

[Dica de série] Clandestinos

Presentemente eu posso me considerar um sujeito de sorte
Porque, apesar de muito moço, me sinto são e salvo e forte
E tenho comigo pensado, Deus é brasileiro e anda do meu lado
E assim já não posso sofrer no ano passado
Tenho chorado demais, tenho sangrado pra cachorro
Ano passado eu morri, mas esse ano eu não morro!



Foi no ano de 2010 que, passeando meio sem rumo pelos canais de TV, vi um comercial de uma série que estava prestes a estrear e senti que tinha algo de especial ali. A gente sempre tem essas coisas meio esquisitas, né? Não sabia o que me encantava ali, só sabia que precisava acompanhar a história sobre esses moços e moças esse sonho nessa cidade esse sonho de ser artista (palavras do próprio Fábio, um dos personagens). 
Clandestinos, criada e dirigida por João Falcão, surgiu primeiro como peça de teatro. Depois de anunciar os testes para participar da peça, João precisou entrevistar 400 pessoas - que, ao final de tudo, se transformaram em 14. Esses artistas não emprestam apenas seu talento neste trabalho. Suas histórias se misturam à ficção criada, seus sotaques se preservam (alô Chandelly e Adelaide!) e seus nomes verdadeiros são passados para seus personagens. É exatamente isso que é recriado na série: em sete episódios, acompanhamos os testes para a peça, os bastidores de criação da peça de Fábio e o desenvolvimento das histórias dos personagens que lutam diariamente pelos seus objetivos.
Se tem uma coisa pela qual eu sou apaixonada em Clandestinos é o texto. João tem uma forma muito característica de estruturar os diálogos. Cada frase flui e se encaixa, chegando até a parecer poesia. Um fato engraçado sobre esses tais diálogos tão bem estruturados e característicos do João é que, numa noite de terça-feira, estava eu assistindo a estreia de outra série quando encasquetei que ela era de João. Já estava vesga de sono porque acordava cedo para ir à faculdade pela manhã, mas esperei pela abertura para tirar a dúvida - e lá estava, com letras garrafais: "série de João Falcão". Sim, foi por sentir uma ~vibe~ meio João Falcão nas falas do personagem de Eduardo Moscovis que eu descobri que Louco por Elas era criação dele.
Cada personagem de Clandestinos é apaixonante e inspirador, e esse é mais um ponto positivo. A narração de suas histórias navegam pelo drama e pela comédia. Tudo na medida certa pra emocionar, fazer rir e refletir nos momentos necessários. Ao término de cada episódio, você vai desejar ser corajoso, forte e determinado como cada um desses moços e moças para viver seus próprios sonhos.



O que eu aprendi com Clandestinos?

- Enxergar além dos estereótipos. Discute-se, por exemplo, o motivo pelo qual negros só interpretarem traficantes ou jogadores de futebol, gordinhas só interpretarem amigas da personagem principal e nordestinos chegarem à novelas pra interpretar empregadas, motoristas. Já passou da hora de acabar com esses rótulos.
- Sempre que revejo um episódio que seja, relembro o quão importante é lutar até transformar sonhos em realidade. O quão importante é correr atrás daquilo que te arrepia, te fortalece, preenche e faz sentir vivo. Caiu? Levanta e tenta de novo, de novo e de novo. 

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